sábado, 30 de janeiro de 2016

Como pensa o Democrata? Difere do autocrata, teocrata, aristocrata, totalista/ditador (III) O Incondicionado.

No âmbito da causalidade, as idéias são as causas originais das coisas, como causas eficientes. (observo que tal pensamento no plano ideal difere e é criticado pelo materialismo).
Desde já, alerto que as idéias não podem ficar apenas neste plano, sob pena de tão somente orbitar na mente de um pensador ocioso. Se esse suposto pensador ocioso possuir inclinações teocráticas, certamente fará com que os arquétipos fiquem a serviço do Ser Supremo, diante da crença de que somente Deus teria essas idéias inatas ou arquétipos da criação! Ao homem bastará seguir tudo o que foi estabelecido, sendo regido direto pela providência divina ou indiretamente por um representante sacro, pois a crença e a convicção nele são imutáveis e afeto a permanência, cuja causa e efeitos está condicionada no Ser Supremo imanente, dono do produto pronto e acabado na terra e no céu, tanto na sociedade civil como na religião, não havendo estado laico, mas a providencia divina, e nada mais haveria de incondicionado a buscar. Exemplos podem ser dados – como que “as cláusulas pétreas de uma constituição permanecesse eterna” ainda que a nação sucumbisse na pobreza, fome, crime, corrupção, disfunções de poderes..., e jamais “o rei - o poder” seria posto em xeque/perigo... Pode-se dar também outro exemplo: Se um assassino perseguisse meu amigo e este adentrasse em minha casa, escondendo-se, para livrá-lo desse evento eu deveria mentir ao assassino, dizendo que não estava em minha casa. No entanto, o dever de dizer a verdade para os perfis imanentes seria inafastável e o amigo estaria perdido, pois contaria o esconderijo ao assassino! Contudo para quem compreende a finalidade pensa que o bem é aquilo que as coisas tendem, mas entre os fins observa-se certa diversidade, pois alguns são atividades, outros são produtos distintos das atividades das quais resultam. 
Noutras atividades, como nas carreiras jurídicas, certos perfis pensam na imutabilidade dos produtos, cujas atividades devem se moldar a esse dom permanente, inclusive nos atributos. Mas esquecem que os corpos são compostos (até os tribunais devem ser compostos) e que, como é próprio da democracia, todo o composto é mutável e se os corpos são feitos de compostos, logo todos os corpos são mutáveis, ainda que essa conclusão se derive de uma série de raciocínios ou pró-silogismos, e que essa série ascendente de raciocínios, como objetivo da razão, é elevar-se da síntese condicionada a qual o entendimento permanece sempre ligado, como não deveria deixar de ser, para a síntese incondicionada que nunca se pode alcançar, pois sempre terá algo a mais a se buscar.
Digo também, para afirmar que aquele que fizer uso “apenas” dos conceitos do entendimento que servem para entender (as percepções), não fará o uso dos conceitos racionais que servem para compreender. 
Mas vejamos o âmbito das idéias e também o das coisas ou dos fatos. Em contraposição a Platão ou adotando a postura substancial, ou ainda mais ao campo do empirismo, Aristóteles dizia que “O fato é o princípio, ou ponto de partida, e se ele for suficientemente claro para o ouvinte, não haverá necessidade de explicar por que é assim; o homem que for bem educado já conhece esses princípios ou pode vir a conhecê-los com facilidade. Quanto ao que nem os conhece nem é capaz de conhecê-los, que ouça as palavras de Hesíodo:
“Ótimo é aquele que de si mesmo conhece todas as coisas; Bom, o que escuta os conselhos dos homens judiciosos. Mas o que por si não pensa, nem acolhe a sabedoria alheia, Esse é, em verdade, um homem inteiramente inútil.”

Dando seguimento, o uso transcendental da razão pura, os seus princípios e suas idéias é que darão respostas a influência e validade da razão pura.
A intuição se refere imediatamente ao objeto e é singular. Já o conceito pode ser empírico ou puro. Diz-se conceito puro quando tem origem no entendimento e não numa imagem pura da sensibilidade, podendo ser chamado de noção, ou conceito do entendimento.
Pois vimos que - há princípios do entendimento imanentes, e princípios transcendentes dados ao entendimento pela razão.
Se invertêssemos este caminho teríamos uma pessoa que adquire uma espécie de razão antes mesmo que se tenha nela formado o entendimento... Certamente seria uma pessoa autoritária, autocrata..., pois sua educação não ocorreu pelo caminho normal, uma vez que “se espera de uma boa formação que o pensamento do homem se inicie pelos sentidos, especialmente pelo entendimento e posteriormente forme sua razão, e finalmente se faça sábio.”
Melhor dizendo, o progresso natural do conhecimento humano exige que primeiro o entendimento se forme, chegando pela experiência a juízos intuitivos e, através destes, aos conceitos, mesmo que estes conceitos sejam conhecidos seguidamente pela razão em relação com os seus princípios e as suas conseqüências.
Bem, prometi que não adentraria no ato de educar, contudo, não tenho como evitar um breve posicionamento. Temos, por hábito, talvez seja da natureza humana, usar os lemes do prazer e do sofrimento para educar os jovens. Essas coisas nos acompanham pelo resto da vida ou pelo menos tem um grande peso. Assim, o próprio campo do prazer divide-se em caminhos permitidos e proibidos, sendo alguns homens escravos do prazer, pois sem ser conduzidos não encontram o estado intermediário.
Portanto, aqui digo que o simples ato que, chamo transcendente, onde um princípio que rejeita os seus limites e propõe-se até mesmo a franqueá-los, poderá aniquilar ou mudar o próprio campo ético, colocando em risco a boa formação, transformando a pessoa, vivendo agora numa democracia libertina ou tagarela.
Mas então, devemos ter em conta primeiro que é apenas do entendimento que podem emanar conceitos puros e transcendentes; Na verdade a razão não produz propriamente nenhum conceito, portanto, ela não faz mais do que libertar o conceito de entendimento das restrições inevitáveis de uma experiência possível, e desse modo procura estendê-lo para o além dos limites do empírico, mas permanecendo em contato com ele.
Qual o Papel da Razão?
A Razão é a Faculdade dos Princípios. Poderíamos aduzir que a função principal da razão é conceber o incondicionado, e assim procedendo, ela liberta as categorias da sua limitação. 
A razão exige o seu uso transcendente, que seja aplicada fora do campo dos fenômenos - por um objeto em idéia no termo último deste emprego.
Uso Puro (transcendental) - faculdade dos princípios, das Idéias Incondicionais (Alma, Mundo, Deus).
Como simples conselho, não se deve construir uma razão adquirindo saberes sem a intervenção anterior do entendimento, pois assim as faculdades do espírito tornam-se mais estéreis em segundo lugar mais corrompidas pela ilusão da sabedoria.
Mas os totalitários, autocratas começam a pensar pela razão mesmo que parcialmente construídas, sem ter uma razão formada, não fazendo o bom uso da intervenção do entendimento. Fazem o caminho inverso da construção do pensamento, pois sempre receberam ordens dogmáticas como regras ou princípio de entendimentos imanentes, sem que tivessem uma razão já formada e não conseguem a reflexão através de princípios transcendentes dados ao entendimento pela razão.
Na verdade o que acontece pela razão, prende-se em que ela exige para um dado condicionado uma totalidade absoluta ao lado das condições, e que ela faz assim da categoria uma ideia transcendental, para dar uma perfeição absoluta à síntese empírica prosseguindo-a até ao incondicionado que não se encontra nunca na experiência, mas unicamente na ideia.

Portanto, não busco alcançar o incondicionado, limito-me a constatar que ele existe. 
Milton Luiz Gazaniga de Oliveira

Um comentário:

  1. Neste último texto a razão ganha destaque. As questões transcendentais, s Uso Puro (transcendental) - faculdade dos princípios, das Idéias Incondicionais (Alma, Mundo, Deus). Conclui:
    “Mas os totalitários, autocratas começam a pensar pela razão mesmo que parcialmente construídas, sem ter uma razão formada, não fazendo o bom uso da intervenção do entendimento. Fazem o caminho inverso da construção do pensamento, pois sempre receberam ordens dogmáticas como regras ou princípio de entendimentos imanentes, sem que tivessem uma razão já formada e não conseguem a reflexão através de princípios transcendentes dados ao entendimento pela razão.”

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