Ocorre que me cansei de escutar o antigo
pensamento, o qual rotulo como do determinismo por natureza, de quem dizia: “Óh, como fulano é
inteligente! Eu não..., não tenho boa cabeça..., não nasci assim...” Em face
disso, afirmo que “todos” possuímos a capacidade de entender e compreender as
coisas. Portanto, sintetizo meu modo de pensar e agir nesta frase: “sei que sei, mas não sei do que sei”, trata-se da minha
“mínima”, do autoconhecimento para, após esse começo, seguir ao além de mim.
Opino que esse conselho de autoconhecimento sirva para todos. Adiante, explico a razão.
Para conhecer a si mesmo, devo me espelhar na
filosofia de Sócrates, no seu método dialético e sua maiêutica, o conhecido aforismo,
“Conhece-te a ti mesmo”. Somente após isso posso estabelecer um start para mim
mesmo. Sócrates com estas palavras “só sei que nada sei” reagiu ao
pronunciamento do oráculo de Delfos, que o apontara como o mais sábio de todos
os homens. Ao contrário da máxima de Sócrates, fixei minha mínima. Assim,
estabeleci meus limites quando disse: Se te apresentarem o composto
desconhecido, enquanto síntese, procure efetuar uma análise, decompondo-o.
Aristóteles assim professou: “Na política, assim como em qualquer outro ramo da
ciência, para conhecer as coisas compostas temos de decompô-las (syntheton) até
chegarmos aos seus elementos mais simples.” (Aristóteles. Política. Editora Martin
Claret, SP. 2008, 5ª ed., pag. 54.) Disso fixei um pequeno conceito que me
permite avaliar sobre meu conhecimento, ou seja, “sei que sei, mas não sei do
que sei”. Significa dizer que sei do simples, este enquanto tiver origem ou
início na minha sensibilidade ou até mesmo na estética, pois meu pensamento tem início pelos
dados sensíveis, tal como a formação do pensamento cujo caminho natural do
conhecer vai: do sentido ao entendimento até a razão, esta enquanto abstração
mais elevada, possuindo uma faculdade lógica e outra transcendental. Assim, "não
sei do que sei do complexo", se transforma em possibilidade do conhecer, pois
poderei até investigar a partir do simples ou da decomposição do composto ou
complexo. Na verdade o composto e o complexo estão um pouco além da
sensibilidade ou sentidos, ou seja, na etapa do entendimento e razão, residindo
ali o “não sei do que sei”. Todavia, não na impossibilidade de conhecê-lo.
Pois, segundo Schopenhauer, A arte de escrever, pág.,19, “... A cada trinta
anos, desponta no mundo uma nova geração, pessoas que não sabem nada e agora
devoram os resultados do saber humano acumulado durante milênios, de modo
sumário e apressado, depois querem ser mais espertas do que todo o passado.”
Contudo, isso me permite iniciar o enfrentamento das situações com que me
deparo, sem que esteja obrigado a eliminá-las sumariamente, e duvidando até das
evidências, ainda que tenha de me apegar no conhecimento alheio, pois "posso
usar a peruca do saber". Schopenhauer, A arte de escrever, pag 22 “A peruca é o
símbolo mais apropriado para o erudito puro. Trata-se de homens que adornam a
cabeça com uma rica massa de cabelos alheio porque carecem de cabelos
próprios.” De uma forma ou outra, seja pelo conhecimento próprio ou adornando a
cabeça com o conhecimento alheio, posso ir sempre além, conhecendo até o complexo.
Milton Luiz Gazaniga de Oliveira
Ótimo texto! Parabéns.
ResponderExcluirTodo o conhecimento e saber está no universal, mas a ignorância encontra-se apenas no particular. Essa é uma das leituras e síntese deste texto.
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