quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

A Minha Existência e Essência. O Existencialismo - Sartre

Para saber se eu existo resolvi partir ao campo experimental, formulando pergunta básica: Você conhece Milton...? O que ele representa...?

Contudo, deveria delimitar a pergunta no tempo e espaço!

Ora, nada melhor do que pesquisar no lugar/comunidade onde nasci e vivi na minha infância até a adolescência, quando me ausentei. Entre esse último momento até os dias atuais já transcorreram mais de trinta ou quarenta anos. Bem, efetuei a tal pergunta aos jovens da comunidade, mas surpreendentemente ninguém soube responder, pois nem sabiam sobre minha existência!

Portanto, a existência é relativa, em muitos lugares e condições eu não existo - sou um nada! 
É..., temos a todo o momento fazer provas da nossa existência..., trata-se de um ato de vontade. "A existência precede a essência". "Devemos valorizar o tempo e espaço onde existimos para fixarmos nossa essência". Apesar de muitas pessoas, mesmo assim, não considerarem a nossa existência! Portanto, somos nós que escolhemos e criamos finalidades para a existência, ou seja, somos livres para determinarmos e escolhermos a essência que desejamos, enquanto liberdade absoluta ou mesmo relativa. Então, será que sou um ser humano entregue a si mesmo, criando sentidos e significados, cujas minhas contingências também dependeriam disso, pois ligadas a mim mesmo. Contudo, discordo de Sartre, pois, segundo ele a idéia de Deus seria absurda, pois se tenho essa liberdade absoluta, eu nem seria fruto de uma criação, então vim do nada e me construí! Todavia, se assim fosse, seríamos seres previsíveis, não para os outros, mas essencialmente causal (imanente) consigo mesmo e teria certeza da minha essência assim que buscasse! Mas de fato isso não ocorre, uma vez que tenho realizações, angústias, ansiedades, desejos... e sou dependente de um absoluto que está fora de mim!!!

Quando escrevo que segundo Sartre a idéia de Deus seria absurdo, não significa que ele exclua a divindade (talvez laico, no sentido da imparcialidade). Ocorre que ele vê o ser muito mais enquanto ato, “você não é outra coisa senão sua vida”, ou seja, a pessoa “não é outra coisa senão uma séria de empreendimento, a soma, a organização, o conjunto das relações que constituem essas empreitadas.” Sua filosofia é da ação. Então somente a realidade conta. Mas daí que surge minha crítica, pois vejo na pessoa a completude da potência ao ato, como me refiro em outros textos. Ou seja, a pessoa é mais que as realizações, pois ela sempre possui uma potencia que poderá ser exercitada ou não (ex. se sou engenheiro químico, posso não exercer esse ofício e ser um comerciante em ato (atuação), pois a engenharia está apenas latente, na minha potência, que poderei um dia exercer). E Deus está tanto na potência como no ato. Deus como o motor do primeiro movimento, como na indução dos fins (Vide no texto a ser publicado: A liberdade está entre Potência e Ato). Claro que ele faz críticas ao determinismo psicológico e orgânico e nisso podemos sim concordar, pois se declarássemos que as pessoas já nasceram assim ou por causa do meio, da sociedade, deixaríamos sossegados e diriam, pois é, somos assim mesmo, e não há nada que se possa fazer. Então justificaríamos seres moles, fracos, cavardes, dominados, ou ruins e maus. Na verdade o existencialismo de Sartre coloca que o ser primeiro existe depois estabelece sua essência. Ele não adota uma posição existencialista de que a essência precede a existência, pois se assim fosse, acreditaríamos num conceito universal do homem, o homem possuidor de uma natureza humana, todos possuíam as mesmas qualidades básicas, portanto, as mesmas essências. Mas segundo Sartre o homem não se define ou não é definível, e o homem nada é além do que ele se faz. Ou seja, ele se modela e se faz. Então, pelo menos Sartre repele a idéia do determinismo, uma vez que ninguém nasce herói, covarde, fraco ou ruim, pois segundo ele diz que o covarde se faz covarde, o herói se faz herói, existindo ainda a possibilidade do covarde se fazer herói, então como disse, ele abomina o determinismo. 

Em 1946, no "Club Maintenant" em Paris, Jean Paul Sartre pronuncia uma conferência, que se tornou um opúsculo com o nome de "O Existencialismo é um Humanismo". Nele, ele explica a frase, desta forma:
"... se Deus não existe, há pelo menos um ser, no qual a existência precede a essência, um ser que existe antes de poder ser definido por qualquer conceito, e que este ser é o homem ou, como diz Heidegger, a realidade humana.
Que significa então que a existência precede a essência?
 Significa que o homem primeiramente existe, se descobre, surge no mundo; e que só depois se define. O homem, tal como o concebe o existencialista, se não é definível, é porque primeiramente é nada. Só depois será, e será tal como a si próprio se fizer."


Milton Luiz Gazaniga de Oliveira

Um comentário:

  1. Surfei nas ondas do existencialismo, mesmo sem o pleno equilíbrio e propus meus dilemas diante da sua máxima que a "A existência precede a essência". Assim pesquisei a própria existência. Coloquei em dúvida esta máxima para confirmar a verdade do Mestre, que em determinado tempo, espaço e lugar eu não existo, se não estabeleço o mínimo de essência. De outro lado, ofertei resposta a Sartre em relação a sua teoria da ação ou ato. Ocorre que ele vê o Ser muito mais enquanto ato, “você não é outra coisa senão sua vida”, ou seja, a pessoa “não é outra coisa senão uma séria de empreendimento, a soma, a organização, o conjunto das relações que constituem essas empreitadas.” No entanto, ele se desprende da idéia de Deus, mas o Divino está tanto na potência como no ato. Deus como o motor do primeiro movimento, como na indução dos fins (Vide o texto com base em Aristóteles: A liberdade está entre Potência e Ato). Pelo menos Sartre repele a idéia do determinismo, uma vez que ninguém nasce herói, covarde, fraco ou ruim, pois segundo ele diz que o covarde se faz covarde, o herói se faz herói, existindo ainda a possibilidade do covarde se fazer herói, então como disse, ele abomina o determinismo.

    ResponderExcluir