quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Doutrinas Cristãs. O Juízo.

Curiosidades me leva diferenciar Santo Agostinho de São Tomas de Aquino, mas sem exclusões ou conflitos entre esses dois belos pensamentos.
- Agostinho adota uma postura ligada a Platão ou neoplatonismo, apesar de suas angústias e preocupação com respostas científicas para a fé: “Agostinho introverteu conceitos de Platão, principalmente quando este define o homem como uma alma que se serve de um corpo, admitindo a idéia de transcendência hierárquica da alma sobre o corpo.” Ele valoriza as sensações: “O erro provém dos juízos que se fazem sobre as sensações e não delas próprias.” (Solilóquios, pág 18).
- São Tomas de Aquino pode ser localizado na doutrina, entre a razão e a fé, procurou conciliar a teologia Cristã com a filosofia, em especial a Aristotélica, num plano mais racional (intelectualismo), ou seja, a conciliação corpo e alma, ao contrário de Platão que afirmava a dicotomia corpo e alma, enquanto Aristóteles dizia que corpo e alma formam juntas as identidades do ser. Seu principal argumento tinha como ideia o movimento primeiro, ou seja, o fato de o mundo estar em movimento foi Deus que causou o primeiro movimento.
Diz ele que Deus pode existir sem o mal, apesar do mal não poder existir sem o bem. Ele alerta: Cuidado com o homem de um só livro. (mas eu nem tenho livro!!!)
Em resumo também afirma que a virtude não elimina, mas regula as paixões, sendo assim a doutrina do Tomismo, cuja característica é o intelectualismo, com a primazia do intelecto sobre a vontade, com todas as relativas conseqüências. Ensina que o conhecimento é mais perfeito do que a ação, porquanto o intelecto possui o próprio objeto, ao passo que a vontade o persegue sem conquistá-lo. Esta doutrina é aplicada tanto na ordem natural como na ordem sobrenatural, de sorte que a bem-aventurança não consiste no gozo afetivo de Deus, mas na visão beatífica da essência divina. Diz ele que acima do sentido há no homem, um intelecto. Este intelecto atinge, sim, um inteligível, mas é um intelecto concebido como uma faculdade vazia, sem idéias inatas - é uma tabula rasa, segundo a famosa expressão. E o inteligível nada mais é que a forma imanente às coisas materiais. Essa forma é enucleada, abstraída pelo intelecto das coisas materiais sensíveis, vice-versa. Segundo a antropologia aristotélico-tomista, sobre a base metafísica geral da grande doutrina da forma, a alma é concebida como a forma substancial do corpo.
A alma para o Tomismo é, portanto, incompleta sem o corpo, ainda que destinada a sobreviver-lhe pela sua natureza racional; logo, o corpo é um instrumento indispensável ao conhecimento humano, que, por conseqüência, tem o seu ponto de partida nos sentidos.
Mas essas duas doutrinas têm influência na remissão dos pecados?! Por precaução, daqui não vou além, pois ainda que exista uma lógica nesse enfoque! (pois numa doutrina a remissão esta nas obras e na fé e para a outra apenas a fé bastará, até no ato de extrema unção seria suficiente para o perdão!!!)
- Então, prefiro finalizar “Sobre o Exercício do juízo.”
Alertei ao meu cão tagarela que é bom estabelecer o Exercício do juízo que é a faculdade de subsumir-se sob regras, ou seja, se uma coisa entra ou não numa regra estipulada. O caráter distintivo do juízo é o bom senso. Devemos impor certas limitações ao entendimento, buscando nas regras do conhecimento. Ao contrário, não nos preservaremos dos abusos dos outros ou de si mesmo. Por exemplo, aos médicos deixamos em suas mentes as regras patológicas, pois se adotamos de modo leigo, passaremos ao doentio entendimento, faltando capacidade técnica de julgar e exercer esse tipo de juízo em exemplos e casos reais. Compete ao profissional do direito as regras jurídicas. Mas mesmo que o profissional esteja inserido dentro da área de uma ciência, pode ao pensar em ser profundo conhecedor simplesmente falhar ao utilizar essas regras, ainda que possua entendimento. Portanto, nas coisas da fé prefiro de deixar com os teólogos, em defesa do exercício do meu juízo!


Milton Luiz Gazaniga de Oliveira

Um comentário:

  1. Sobre a fé, Santo Agostinho e São Tomas de Aquino, não podem ser ignorados quando se escreve sobre a imanência ou a transcendência da alma. Um belo debate sobre os sentidos e a razão. Agostinho valoriza as sensações: “O erro provém dos juízos que se fazem sobre as sensações e não delas próprias.” São Tomas diz que acima do sentido há no homem, um intelecto.

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