A
opinião muitas vezes se transforma em “doxa”.
Mas é um dos modos pelo qual cada um exprime suas preferências, gostos,
interesses, sentimentos. Em certas ocasiões ingenuamente me incluo neste tipo:
por exemplo, a democracia tagarela, muito utilizada pelos sofistas, condenada
desde então por Platão. A opinião muda
muito, variando de pessoa para pessoa, ora afirmando ora negando a mesma coisa,
se inclinando em retórica. Torna-se perigosa quando damos por vencedor quem
melhor souber persuadir e conquistar a opinião alheia, pois poderá não ser a
“melhor idéia”. Por isso difere da epistemologia que cuida do grau de certeza
do conhecimento humano. Mas por isso que o mundo das idéias se constitui na melhor
opção, pois sobre elas surgem os debates, já que não são simples cogitações
presentes na mente, mas realidades que existem por si mesmas, independente do
pensamento e de todas as coisas materiais. Como na alegoria da caverna que está
além do mundo sensível. Através de uma abertura a luz passa por um orifício vindo de fora da
caverna, mas imperceptível diretamente aos olhos do observador que se encontra
amarrado de costas ao mundo sensível, mas vendo apenas a luz refletir nas paredes interna da caverna, as vezes observando os movimento das sombras, ocorre que a luz ao incidir sobre as pessoas e
coisas animados e inanimados no lado externo, reflete/produz a sombra deles e também seus movimentos refletidos no
interior da caverna, fazendo com que esses objetos ou seres materiais (do mundo
sensível) se transformem em meras aparências/sombras. Assim sendo, permite que a verdadeira
realidade dos habitantes da caverna de costa para o mundo sensível, seja
pensada a partir desse modelo de sombras, “sendo para eles a própria realidade,
então fornecida pelo mundo das idéias que fazem”. Então para os que estão na
caverna corresponderia o lado exterior da caverna, formando arquétipos e a
realidade por eles concebidas como verdadeiras, e fixada no mundo das idéias, estando além do mundo sensível.
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Ao me aposentar certamente estarei fora do mundo das idéias (fora da caverna
dos processos), no lado externo da caverna (no mundo sensível). Todavia, quando
voltar para a caverna visitar os Colegas que ainda estão lá, e ao revelar a eles,
antigos companheiros, a situação extremamente enganosa em que se encontram e correrei, segundo Platão, sérios riscos, desde o simples em ser ignorado até, caso
consigam, ser agarrado e morto por eles, que me tomarão por louco e inventor de
mentiras. (Kkkk...)
Então,
para não correr esse risco, o melhor desses dois mundos é o das idéias. Viver no plano das idéias, pois
sem riscos ao corpo do Ser sensível. Na verdade, no mundo das idéias, permito pensar que ao mundo
material só temos acesso por meio da razão e que sempre no plano da realidade
estão às idéias, muito além do mundo sensível.
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Na minha “opinião” a diferença entre o Velho e o Gênio está em que o Velho
sempre relembra o passado e o mal dos gênios está em esquecerem facilmente o
passado, ou melhor, temos que relembrá-los, uma vez que vivem no mundo
transcendental/metafísico! Bem, essa é minha opinião! Então consegui distinguir
o mundo das idéias e das opiniões, cujos argumentos foram aceitos tacitamente pelo
pássaro que pousou na árvore em frente, me ouvindo!
Milton
Luiz Gazaniga de Oliveira
Reproduzi a mais apreciada alegoria – O mito da Caverna. O tema demonstra a flutuação das opiniões uma vez que não carrega o grau de certeza do conhecimento humano. Discorro sobre as idéias como realidades que existem por si mesmas, independente do pensamento e de todas as coisas materiais, enquanto ponto central do pensamento de Platão eternamente insuperável.
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