sexta-feira, 24 de junho de 2016

O Susto da Mudança

(O Susto era sonho, a falsa representação da imaginação passiva e não decorreu de o meu corpo envelhecer a cada dia, mas das coisas que mudam...!)
Se tudo muda, está em fluxo, ou flutua, também os conceitos, pois as coisas sensíveis mudam facilmente. A vontade da moral não difere desse dilema, começa pela sua geração e após pela degeneração e a conseqüente decadência política, e até a difícil volta ao virtuoso. Mas então, é natural que o método seja o dialético, uma vez que nada é definitivo. Contudo, assim seria cômodo, pois esperaríamos pela eterna mudança e nada que eu faria seria capaz de me estabilizar! Certamente, “o que procuramos é na verdade a essência das coisas, aquele núcleo que não muda, ou pelo menos para entender a constância da mudança”. A mudança pode romper a matéria, todavia e em regra permanecem os elementos. A matéria rompida pode aniquilar a estrutura sem um possível restabelecimento, extinguindo a orgânica. Então, a mudança aprazível se faz através dos elementos numa combinação, uma vez que os elementos oferecem a maior quantidade e qualidade de composições/combinações do que as matérias entre si. Claro, pois os elementos são mais estáveis, veja, por exemplo, o oxigênio e hidrogênio podem permanecer na decomposição da água e esta desaparecer enquanto orgânica. Aqui quero demonstrar apenas a procura da Constância e estabilidade das coisas.  Alguns querem saber isso para ir à direção da sublime fama e outros buscam uma cama essencial (p.43 - 52). O certo é que algumas das coisas guardam Constância, mantendo certa medida, o fogo, a água, a terra e o ar têm certa Constância e medida. O Sol como o pai do fogo guarda Constância na mudança, pois obedece a leis cósmicas em períodos ou ciclos certos, dando origem, alterando ou afetando as coisas na terra, ao tempo em que fornece o calor na medida para cada coisa em especial ao ser sensível. A busca da medida das coisas na composição é a parte essencial que uma “razão” procura estabelecer. Portanto, a dialética apenas duvida das coisas que permanecem e máxime estabelece a síntese do problema, mas falha ao não encontrar a essência das coisas que não mudam ou que obedece a Constância mesmo na mudança. Até aqui fui simplista e se aprofundasse tais questões seria facilmente rotulado de mecanicista!
Acordei com o susto da mudança, mas era um sonho, ufa, explico! Claro, já tinha lido e escrito essa passagem em Platão, mas revendo o trecho citado em Popper (1959, p.59), insisto em novamente transcrever: “De muito maior mérito, embora também inspirada pelo ódio, é a descrição que Platão faz da Tirania e especialmente da transição para ela. Insiste em estar descrevendo coisas que ele próprio viu; alusão, sem dúvida, a suas experiências na corte de Dionísio, o Velho, tirano de Siracusa. A transição da democracia para a tirania, diz Platão, é mais facilmente produzida por um líder popular que saiba como explorar o antagonismo de classe entre ricos e pobres dentro do estado democrático e que consiga organizar um corpo de guarda ou em exército privado, seu. O povo, que o saudou a princípio como o campeão da liberdade, é logo escravizado; e a seguir deve lutar por ele, “em uma guerra após a outra, que ele deve provocar... porque precisa fazer o povo sentir a necessidade de um general”. Com a tirania, chega-se ao estado mais abjeto.”.

Milton Luiz Gazaniga de Oliveira

Um comentário:

  1. Correção: "mas falha ao "não" encontrar a essência das coisas que não mudam ou que obedece a Constância mesmo na mudança."

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